terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Super NES

Título auto-explicativo? Nem tanto. Aliás, não gosto de títulos - os auto-explicativos, então: abomináveis.
(tá, eu tenho problemas com exclamações e títulos. Mas ao menos tô ciente disso.)

Quando eu era pequena (lálálá), pensava freqüentemente "ainda bem que nasci nessa época: tem TV, video game, tudo. As pessoas não deviam ter muita coisa pra fazer antigamente...". (enfim, tanto pensei nessas pobres pessoas de outros tempos que resolvi estudá-las). Anyway, livros e meu Super NES foram as melhores coisas da minha infância, e por alguns anos cheguei a ter uma estranha impressão de eternidade. E tive, inclusive, noções de datilografia na escola (ha, computador? Ninguém tinha; batalhei
muito pra conseguir trocar a viagem das oitavas por um).
Hoje, não sou mais aquela entusiasta tecnológica de antigamente. Falar que os tempos mudaram, que a farinha tá cara, que não vale a pena comprar nada por que amanhã vai ter coisa melhor, não, não é comigo. O que (ainda) me assusta é a facilidade de acesso que temos a qualquer coisa. Qualquer coisa, sabe? Dá pra saber tudo sobre tudo, na hora. Vídeos, pessoas, receitas, complôs - tudo o que se encaixa na categoria
tudo. E não é nada difícil, já que a aliança entre informações excessivas e a massa despreparada e ávida acabou gerando milhões de mentes deformadas. Por "mentes deformadas" entendo o desconhecimento que a maioria das pessoas têm sobre si mesmas, e a subseqüente busca pelo conhecimento interno em algo exterior. Ora, as pessoas não sabem mais fazer sexo! SEXO! Isso é o que tem de mais instintivo; ainda que possamos ver sexualidade esbanjando por aí, as pessoas buscam manuais de sexo (seriam, então, falsas demonstrações de sexualidade o que vemos por aí? Taí o ponto que eu queria atingir: tudo hoje em dia é aparente. Valem fotos da própria cara, do piercing no umbigo, estrofes de letras vazias e insignificantes, dezenas de pessoas que se dizem teus fãs. Muitos têm como único objetivo demonstrar incansavelmente o quão interessante e agitada é sua vida. Demonstrar).
Não sou saudosista, nem conservadora. O que acontece é que o capitalismo venceu e blábláblá Whiskas Sachet; logo, ficou na obrigação de proporcionar entretenimento coletivo pra apaziguar e melhor administrar tamanho capital humano já deformado.