domingo, 24 de janeiro de 2010

verde-infinito

Eu queria fugir e deixar todos vocês sem nenhuma resposta. Todos não são tantos assim - mas queria deixá-los.
Se eu fosse para o nada e conversasse o dia inteiro com ninguém? tão utópico quanto o sonho da grande árvore no centro do mais belo campo - campo verde-infinito. Lá está você na linha do horizonte: o sol brilha.
Queria conseguir machucar como vocês machucam. Todos caem e se machucam e culpam quem está passando por perto, qualquer um.
- Eu vi que foi você! Como poderia eu ter caído sozinho?
- E esse fantasma aí do teu lado, por que não poderia ter sido ele?
- Oh oh esse fantasma? Nããão, é um bom fantasma - ele está me ajudando: veja minha cara como parece feliz, veja só!
O fantasma com as patas de aço sobre suas costas, a boca encardida grudada ao seu pescoço, as pernas entrelaçam-se às suas: está quase caindo de novo.
Eu vejo vocês, tudo que vocês não admitem e acham que está bem escondido sob esses sorrisos pré-fabricados. eu vejo seus fantasmas. Quisera eu empurrá-los ao menos, não apenas levar a culpa e esperar. Quisera eu machucá-los, dizer tudo que eu vejo dentro de vocês e que nunca admitiriam ouvir - o que está sob a máscara. Quisera eu ser cruel como todos são às vezes.
Eu não queria nada. só nada: não ver nada do que posso ver. que as máscaras e sorrisos parecessem a mim reais, que fossem belos e me fizessem acreditar.
Sei que tudo que está escondido está lá, sei que tudo um dia é revelado e tem seu preço. Mas às vezes o que eu mais queria era poder empurrá-los até o chão, para que sofressem tanto quanto me fizeram - que sofressem pelas minhas próprias mãos. sei que tudo volta, ainda que décadas depois. Mas eu queria derrubá-lo e não me importar ao invés de esperar até que você mesmo veja.