segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Mythical benevolance via ice cream

Mythical benevolance via ice cream - Robert Williams

domingo, 24 de janeiro de 2010

verde-infinito

Eu queria fugir e deixar todos vocês sem nenhuma resposta. Todos não são tantos assim - mas queria deixá-los.
Se eu fosse para o nada e conversasse o dia inteiro com ninguém? tão utópico quanto o sonho da grande árvore no centro do mais belo campo - campo verde-infinito. Lá está você na linha do horizonte: o sol brilha.
Queria conseguir machucar como vocês machucam. Todos caem e se machucam e culpam quem está passando por perto, qualquer um.
- Eu vi que foi você! Como poderia eu ter caído sozinho?
- E esse fantasma aí do teu lado, por que não poderia ter sido ele?
- Oh oh esse fantasma? Nããão, é um bom fantasma - ele está me ajudando: veja minha cara como parece feliz, veja só!
O fantasma com as patas de aço sobre suas costas, a boca encardida grudada ao seu pescoço, as pernas entrelaçam-se às suas: está quase caindo de novo.
Eu vejo vocês, tudo que vocês não admitem e acham que está bem escondido sob esses sorrisos pré-fabricados. eu vejo seus fantasmas. Quisera eu empurrá-los ao menos, não apenas levar a culpa e esperar. Quisera eu machucá-los, dizer tudo que eu vejo dentro de vocês e que nunca admitiriam ouvir - o que está sob a máscara. Quisera eu ser cruel como todos são às vezes.
Eu não queria nada. só nada: não ver nada do que posso ver. que as máscaras e sorrisos parecessem a mim reais, que fossem belos e me fizessem acreditar.
Sei que tudo que está escondido está lá, sei que tudo um dia é revelado e tem seu preço. Mas às vezes o que eu mais queria era poder empurrá-los até o chão, para que sofressem tanto quanto me fizeram - que sofressem pelas minhas próprias mãos. sei que tudo volta, ainda que décadas depois. Mas eu queria derrubá-lo e não me importar ao invés de esperar até que você mesmo veja.

sábado, 23 de janeiro de 2010

para R.

Quis o destino que R. fosse meu amigo.
Também senti as garras do destino quando passei por aquela garota: em meio a tantas outras lindas, eu a senti. Ela foi até você não por acaso. Não pense nos motivos que ela teria para não gostar, não racionalize nem tente se justificar: ela vê através de você e sabe. ela o sente. sinta-a, tudo vai dar certo.
Por vezes eu te achei cético demais, racional demais. Você me viu chorar como nunca chorei e admitir o maior de todos os segredos (que escondia de mim mesma) no dia do meu aniversário, sob as sombras daquela parada de ônibus. Você me disse tudo que podia para me deixar melhor - mas esse sol que carrego junto ao peito é falso, é frio. O Vento sopra ali fora, está sempre a me acompanhar - mas é apenas vento frio quando não há sol.
Sei que escrevo coisas tristes, mas você não pode saber como me sinto.
um urso de pelúcia em meus braços
Fico feliz ao ver vocês juntos, tudo isso não foi por acaso. Não me diga que não: ouça o que vem do seu coração, é a única verdade. Me senti tão sozinha nesses últimos dias e você está a centenas de quilômetros - está onde precisa estar. eu preciso passar por tudo isso sozinha.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

sobre egoísmo

- Não acredito nem vou acreditar que tu deixou de ser egoísta. - ela me disse, e isso ficou em minha cabeça desde então - há sete dias.
Será que deixei mesmo de ser egoísta? Eu achava que sim, mas ela duvidava - por que duvidava? Será que sou egoísta e enganei a mim mesmo acreditando que havia deixado de ser? eram as perguntas que eu me fazia desde que ela havia dito.
E eu, que tinha certeza, não sabia mais responder. Era bonito dizer que havia deixado de ser e acreditar, mas ela era importante demais para que eu desconsiderasse sua opinião e não ficasse em dúvida. Será que ela me acharia egoísta se soubesse o quanto é importante? nunca disse isso. E me arrependo por não ter dito, por não ter dito isso e tudo que não admiti. Preciso dela, e preciso dizer tudo que nunca disse. disse tudo que não devia - isso sim eu disse - e nem sequer era verdade: a verdade é tudo que nunca disse. Procurei tudo que estava a meu alcance para machucá-la, e nunca ao menos pedi desculpas direito. Ela foi embora e agora eu preciso. Será que perdemos o egoísmo quando admitimos que precisamos de alguém? eu me sinto sozinho. E a culpava tanto, enquanto ela esteve sempre ao meu lado; mas eu achava que a culpa era dela por estar sempre ao meu lado.
Alone.
Pensei que ela não iria embora, que não conseguiria: esteve aqui por tanto tempo. Nunca tentei me colocar em seu lugar - quanta mágoa teria guardado? Sequer demonstrava. estava sempre tentando me alegrar, fazia o máximo. e fui eu que comecei todas as brigas. Se eu tivesse admitido, se tivesse desviado a atenção de mim mesmo, teria percebido que ela não merecia passar por tudo isso. Lembro do dia em que ela saiu por aquela porta e não voltou - sempre achei que voltaria na mesma semana, que ela precisava de mim. Sempre fui eu quem precisou. Quando percebi que ela não voltaria, preenchi minha vida com tudo que podia trocar por felicidade. Enjoei de todo o plástico que acumulei, fazia tudo e tudo era nada.
Esperei por muito tempo uma ligação dela pedindo para me ver. sentei em frente à porta por onde ela saiu e fiquei aguardando com a certeza entre as mãos. Perdi a conta de quantos anos se passaram até que me desse conta de que ela não voltaria. A via voltando, com o vestido azul-claro e os cabelos negros compridos e soltos. miragem; mas eu continuava alerta à espera - sempre esperei por ela, mas nunca fui capaz de descer do meu próprio ego.
Lembro que uma única vez vi toda a tristeza em seus olhos: quando ela disse que estava partindo. Pensei que estava triste por estar indo para longe de mim, mas hoje sei que seus olhos sempre foram tristes - ela sorria como se estivesse feliz. E eu nunca perguntei como se sentia. Ela sempre deixou claro o quanto precisava de mim, devo tê-la feito sofrer muito para que resolvesse ir embora e não voltar.
Mandei-lhe uma carta datilografada e cheia de formalidades, perguntando por notícias. na semana seguinte ela apareceu em minha porta. Tomou um chá comigo e contou que era dona de uma banca de revistas e três poodles. Seus olhos eram opacos, seus gestos frios e delicados. Cordial e distante. Os cabelos curtos e mais claros. Disse-lhe que havia feito muitas coisas durante todo aquele tempo, que tinha todas as variedades de plástico disponíveis e que sabia que um dia já havia sido egoísta mas não era mais.
- Não acredito nem vou acreditar que tu deixou de ser egoísta.
Achei um absurdo ela falar comigo daquele jeito, ela não sabia - esteve longe durante tanto tempo. Fiz questão de demonstrar o quanto ficara ofendido, e ela se despediu com olhos frios e cordiais.
Eu poderia ter dito o que precisava ser. eu a havia matado por dentro quando poderia tê-la salvo.
Acreditei que ela voltaria, e agora me sinto mais só. Choro tudo que não chorei, sozinho sobre o mármore acinzentado;
ela se foi.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

A falta do sol

sob o luar, eu choro porque sinto a falta do sol - amanhã será outro dia nublado.
E nublados serão os dias enquanto faltar sol em meu coração.
Veja as linhas que escrevi: elas estavam dentro de você. Construí um muro tão alto que foi difícil derrubá-lo; tentei, mas quem caiu aos pedaços fui eu.
How could you say that i never needed you
When you took everything
Said you took everything from me

Eu o derrubei porque achei que você não me machucaria -
eu o derrubei e estou caindo aos pedaços.
I'll never find anyone to replace you
Guess i'll have to make it thru, this time - oh this time
Without you
I knew the storm was getting closer
And all my friends said i was high
But everything we've ever known's here
I never wanted it to die*



(*) November Rain - Guns

domingo, 17 de janeiro de 2010

walking in my shoes

now i'm not looking for absolution,
forgiveness for the things i do.
but before you come to any conclusions -
try walking in my shoes.
try walking in my shoes.

you'll stumble in my footsteps,
keep the same appointments i kept.
if you try walking in my shoes.

morality would frown upon,
decency look down upon.
the scapegoat fate's made of me.
but i promise now, my judge and jurors,
my intentions couldn't have been purer.
my case is easy to see.

i'm not looking for a clearer conscience,
peace of mind after what i've been through.
and before we talk of any repentance -
try walking in my shoes.
try walking in my shoes.



DM

sábado, 16 de janeiro de 2010

h.

and i feel this coming over like a storm again now.
and i feel this coming over like a storm again now.

i am too connected to you to
slip away, fade away.
days away i still feel you
touching me, changing me,

considerately killing me.
considerately killing me.
considerately killing me.

without the skin here,
beneath the storm.
under these tears now,
the walls came down.

and as the snake is drowned
and as i look in his eyes,
my fear begins to fade
recalling all of those times.

i could have cried then.
i should have cried then.

and as the walls come down
and as i look in your eyes
my fear begins to fade
recalling all of the times
i have died
and will die.
it's all right.
(i don't mind)
i don't mind.
i don't mind.
i don't mind.

i am too connected to you
slip away, fade away.
days away i still feel you
touching me, changing me,

considerately killing me.
considerately killing me and
considerately killing me.


Tool

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Sol

Ontem eu fui pra casa pelo trajeto mais demorado. Adormeci ao lado da janela e acordei com o brilho do sol: meu caminho estava iluminado, agora eu vejo e não tenho mais medo.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Broken girl

Broken girl nº4 - Yuichiro Omura

sábado, 9 de janeiro de 2010

should have taken acid with you

should have taken acid with you
touch the stars and the planets too
should have taken acid with you
melt our tongues and become unglued

should have taken acid with you
take our clothes off in the swimming pool
should have taken acid with you
told my parents that i'm staying with you


Neon Indian

Sombras são culpadas

Já faz algum tempo que caminho pelas sombras. Não é uma opção: é para onde se vai quando já não existe mais luz. é onde se vai quando se quer esconder.
Mas sem drama, desculpe se fiz parecer dramático: só se vai e pronto.
um grande vazio na escuridão
vazio de liberdade e agonia
- Vejam aquela garota, ela fez isso e isso. Onde está Onde está Onde está? Oh nas sombras, se ela está nas sombras é culpada, sombras são culpadas. Arranquem-lhe a alma, ela já não tem coração - não doerá, vejam vocês: não doerá.
Jung
falou sobre a anima e o vazio, o grande vazio que só o feminino conhece - eles não sabem.
No salão vazio encontrei aquela garota em frente às labaredas. Sentei ao seu lado, e sem olhar em minha direção ela disse
you know, sometimes i think i'm going crazy. but really crazy and weird, like Nietzsche - but no crazy-genius like him, of course. i think that is something like "a genetic thing" from my mom's family - death runs through german people's veins. i don't know about my family tree, cause my parents never talked to me about nothing (you understand what i mean? they did not have any kind of conversation with me), never (my father is a good person, but was never at home - he travels a lot). but what i know is that the father of my mom killed himself by hanging, a brother of her killed himself cutting the neck with a chainsaw, a sister of her beats herself and says to people that "somebody has punched her", my mother herself is a psychopath (in the psychological way - she's cold), my poor brother is an innocent autist and i myself tried to die twice. i tried for real, i don't know how the fuck i'm still alive. i tried at 15 and at 17, but in the second they sent me to the psychiatric ward of the hospital and made me stay. i don't wanna fail again, i'm a loser. can you imagine how i felt lonely when i was a child? in my heart i'm still alone, i'll be forever that lonely and quiet child. nobody knows about it, nobody knows what really happened with me - i don't want anyone's full mercy eyes.
i think i lost my faith in everything, there's no thing that makes sense to me.
i don't believe in benevolence.
i don't believe in beauty.
i don't believe in me.
i don't believe in love. my heart is broken forever, i'm cold forever - and forever i'll use the darkest glasses to hide my tears.
Não falou mais nada, não olhou em minha direção. Arrancaram-lhe a alma; em frente às labaredas ela tenta, mas é fria por dentro.

The suicide of Dorothy Hale

The suicide of Dorothy Hale - Frida Kahlo, 1938

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

who loves the sun?

who loves the sun
who cares that it makes plants grow
who cares what it does
since you broke my heart
who loves the wind
who cares that it makes breezes
who cares what it does
since you broke my heart


The Velvet Underground

pela janela

então foi impossível não chorar. por um momento hesitei: pensei que não teria voz pra falar qualquer coisa; ainda assim, a voz que saiu deve ter soado estranha.
mas não senti vontade de fugir.