quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Manhã no espelho (concebendo você)

E como será a manhã na Terra, amanhã? Será de todo céu azul em sintonia com as sinfonias que evadem minha janela em manhãs primaveris?
Se você perceber a plantinha que brotou à beira do caminho
(fruto da chuva que ontem fez barulho pra encobrir o choro velado de quem apenas tem a música como companhia e o riso frenético de
quem, desta vez, perdeu a sanidade)
o sol já poderá brilhar e, para alguém, significar.
Vejo-me no espelho e minhas mãos têm o sangue de todos que, num piscar de olhos, quis mortos por já serem não-mais que fantasmas; mas bem, foi só um reflexo no espelho.
(...como você)
Fora do espelho, já é amanhã.
Outro amanhã para se olhar pela janela e pensar que se poderia, com um céu tão azul, estar em outro lugar.
Mas não era aqui que eu deveria querer estar? Não era com você?
(querendo ou não, estou aqui
-você está aqui, mas não comigo)
Amanhã você acorda e faz uma lista com todas as coisas que diz precisar fazer antes de me; e todas as vezes que passo por você no corredor, sinto como se estivesse assistindo minha vida acontecer na outra margem do rio, longe de mim - que não sei nadar.
(e todas as coisas são feitas enquanto você não me vê)
Ora, você - posso dizer - é como um parêntese em que se pode encaixar qualquer um que julgue significar o bastante. Quem pode saber?
Você - que não me vê - é que não.