sábado, 1 de maio de 2010

nada

essas coisas não são tão óbvias quanto podem parecer após uma garrafa de vinho numa sexta à noite para curar um orgulho ferido.
eu não tenho orgulho
nem o que ferir:
não bebo.
vem você com o coração engolido pela razão comprada num sebo
- custou bem barato
e acredito mesmo: você esteve atrás de uma razão qualquer,
agarrou-a e seguiu
sem sentido
sem sentir
e todos os caminhos do mundo
te levam
para o meio
do nada.
você conhece todas as palavras mais difíceis para falar sobre o nada
e quando surge algo para ser dito
- elas me fogem todas
é o que diz.
nothing
rien
nada
niente
nichts
me diz ao ouvido, como se eu estivesse competindo para saber mais sobre o nada que você
- mas ei
digo
- não sei palavras bonitas, e algumas pessoas simplesmente não merecem
nenhuma.