terça-feira, 20 de janeiro de 2009

História de uma xícara

Oi ou boa noite: escolham.
Meu nome é Ellen e tenho algo a confessar: tô usando a mesma xícara há 3 dias. A mesma, com listras creme e verde-escuro. Uso, e depois encho de água; boto fora a água, e uso de novo - e assim é. Cereal, leite de soja com ovomaltine, chá e mel, e água de novo. E tem mais! - pasmem: também tô usando a mesma colher.
Minhas educadas e mais-cordiais condolências às pessoas que se sentiram moralmente ofendidas, mas tenho mais a declarar. Tento-me controlar obstinadamente pra resistir à tentação do ponto de exclamação. Sempre depreciei pontos de exclamação, até semana passada. Hoje me dei conta disso; todos os pontos exclamativos utilizados nos últimos dias transbordaram em minha memória, e me senti envergonhadíssima por te deixado a situação chegar a tal ponto: bom dia!, obrigada!, ligação no 607!, prezados colegas!, copo!, Clayton!, alô!, e tudo o que antes poderia ser expressado com um gentil ponto final ou final nenhum. Não que eu deseje ao ponto de exclamação o mesmo destino da desafortunada trema... o fato é que pessoas que abusam do ponto de exclamação sempre despertaram minha desconfiança: euforia demais, geralmente desnecessária. É um bom motivo pra começar a suspeitar que algo aconteceu comigo, algo de muito errado.
(continue acompanhando a trama, caro leitor. O que virá no próximo capítulo? Será que Ellen conseguirá abandonar os pontos de exclamação? Ou será que ela admitirá, finalmente, que o ponto de exclamação é a manifestação do desejo oculto reprimido que permanece atormentando seu subconsciente e passará a encerrar todas as frases com um trio de pontos de exclamação? Não percam!!!)