sexta-feira, 28 de março de 2008

No cruzamento da Azenha com a Érico

Então a sinaleira abriu... e o carro ficou.
E lá fui eu, empurrando o carro até a calçada (tá certo que tinha outros três dentro do carro, mas acontece que sou uma excelente pessoa, tipo aquele cara da propaganda do táxi e da chuva - só que muito muito melhor e puramente altruísta, que isso fique claro [tipo: sabe aqueles seres que frisam incansavelmente o quanto são excelentes? Sempre quis ter um momento desses, não ia deixar passar a oportunidade]). O fato é que o carro chegou até a calçada, em algum momento.
Depois de inúmeras tentativas falhas de reanimar o carro, surge... alguém. Desses que ficam ali no meio do movimento, sempre à espera de uma desgraça pra entrar em ação.
- Tá com cara de falta de gasolina. Eu já dirigi muito carro nessa vida, sei das coisa.
- É álcool. E de qualquer jeito, o tanque tá cheio.
- Mas parece gasolina. Sabe, eu so de confiança. Trabalho ali ó, do otro lado - e aponta pro gramado que divide a avenida -; fico ali o dia todo.
- Ahh, ali. Eu sei! Vejo o senhor todos os dias, sempre passo por aqui de ônibus - mais uma das minhas súbitas respostas agradáveis e completamente falsas. Well, ele também mentiu que trabalhava.
- Gahaghaaa! Tu me conhece, é? - e juro, juro que essa risada/grunhido/espasmo foi das coisas mais assustadoras que já ouvi; não durou mais que dois segundos, mas foi o suficiente pra notar os quatro buracos outrora preenchidos com dentes.
Ele ronda o carro. Espia pela janela e tenta:
- Ô, chimarrista: me vê um cigarro aí!
- Ninguém fuma aqui - corto, implacável como a nova Gillette Mach3 Turbo Victory (é, Devin: somos duas putas).
- Tô achano que não vai pega esse carro, viu? Logo ali assim tem uma oficina, tá vendo? É 300 metro pra lá. Eu conheço aqui, trabalho há tempo aqui. Trabalho numa comunidade, sabe? Tomara que tu pegue o João por lá. Ele é meu amigo, sabe? Tá sempre por lá, mora logo ali atrás - e aponta pro Olímpico.
- Ahn... Tá, vou até a oficina - uma oficina e alguns minutos longe daquele bafo de cachaça: perfeito.


- Não tem nenhuma oficina ali! Falei com o cara do posto de lavagem: ele trabalha aqui há 2 anos e disse que a oficina da Érico
mais próxima fica uns 2 km pra lá. Falou que era melhor ir numa outra que fica ali pra trás, são só três quadras.
- Moça, eu até ia fica aqui ajudano, mas é que agora preciso trabalha...
Cruzou a avenida e foi conversar com a moça dos panfletos. Sobre a comunidade, supus.