sexta-feira, 30 de abril de 2010

Kareena Zerefos





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terça-feira, 27 de abril de 2010

would?

todo mundo tem que ir tem que ir tem que ir
pra onde todo mundo vai?
todo mundo sempre vai
meu quarto cheio - tanta gente vem, tanta gente sorri, tanta gente quer estar aqui
mas todo mundo sempre vai.
quando o coração pesa
estou sempre sozinha no meio de todos.
todos estão, mas ninguém com quem eu queira estar.

sábado, 17 de abril de 2010

toda portoalegre

















sábado, 10 de abril de 2010

party people

A João Alfredo lotada depois da meia-noite, cada garota passando com um perfume diferente e enjoado que nem cabelo liso. e eu sozinha, com meus fones e aquela cara de quem saiu de casa às oito da manhã e passou o dia na rua - que é a cara daqueles que gostam de andar sozinhos pela noite.
gosto de andar sozinha por aí e pensar em você.
O violator a todo volume, cheio de promessas que algum dia talvez já tenham sido cumpridas por alguém
I'll take you to the highest mountain
To the depths of the deepest sea
And we won't need a map
Believe me
Now let my body do the moving
And let my hands do the soothing
Let me show you the world in my eyes

Você acredita? eu, sim.
Todas as garotas com calças tão iguais, todas tão bonitas e tão dispostas a passar uma noite como toda uma vida igual. Passei por entre todos como uma sombra, na estranha alegria de andar sozinha por entre as luzes coloridas, a vontade de estar aí longe crescendo a cada esquina. Acendi um cigarro e lembrei do cáqui que Alice me deu no começo da tarde quando disse: "eu mesma colhi". mas em poucos segundos meus pensamentos, todos eles, voltaram pra você e assim continuaram até eu chegar em casa e até agora.

domingo, 21 de março de 2010

smoke






















Smoke - Eveline Tarunadjadja

estou aqui, estou sozinha

Olhei minha cara no espelho: não lembro quando foi a última vez que tive olheiras tão fundas. penso se são por dormir no sofá, por não lembrar de sonho algum ou por não ter sono. ou talvez pudesse ser o coração partido ou o calor, ou talvez fossem todos juntos mais a fome. E comecei a pensar um pouco sobre a época atual: como pode doer tanto e ao mesmo tempo tamanha leveza? talvez tenha feito tudo que pude, mas às vezes tudo não é muita coisa, e é então que você passa a fazer nada e vai pra longe e fica um tempo embaixo da cama esperando que o dia melhore. Chego a pensar que Queen me fez persistir e continuar fazendo o melhor possível. nunca imaginei que fosse baixar aleatoriamente um álbum do Queen e ouvir sem parar, e também nunca pensei que fosse num show do Megadeth e que eles tocariam todo o RIP. Pensei que iria contigo, mas agora torço pra não te encontrar por lá porque sei que você também não vai perder isso por nada. Pensei em fazer outra tatuagem e te convidar pra ir junto, pensei em perguntar se você também não achava genial Smooth Criminal vir logo depois de Dirty Diana, pensei em te ligar.

sábado, 20 de março de 2010

Violetas

















Em 1963, o monge budista Thich Quang Duc ateou fogo ao próprio corpo em protesto contra a perseguição religiosa no Vietnã do Sul. O fotógrafo Malcolm Browne registrou o silencioso protesto do monge nas ruas de Saigon. morreu imóvel, sem emitir um suspiro sequer.

É a imagem da fé suprema em algo que transcende a lógica, e pra mim também ilustra a frase de Mark Twain: "Perdão é o perfume da violeta sob o calcanhar por qual foi esmagada". Eu acredito em karma, ele existe e vejo-o claramente: vejo a dor que algúem causa, vejo a dor que recebe logo ali adiante. Nunca devemos dizer (ou mesmo pensar): por que você fez isso comigo? Ninguém pode fazer algo conosco sem que consintamos com isso em algum nível.

Aprendemos a culpar os outros - às vezes até encontramos alguém que assume a culpa que é nossa, em silêncio, e daí nossa razão está satisfeita. Aprendi que não faz diferença discutir de quem é a culpa ou jogar nossa razão na cara de alguém, porque cada um sabe a verdade em seu coração (ainda que inconscientemente). E é por essa verdade que pagamos, não pelas coisas que inventamos pra justificar e dar sentido racional a todo o resto; a dor que você causa agora é a dor que caminha ao seu encontro e que te tocará onde mais machuca: é a solidão, é o carro roubado, é o corpo ferido.

Não vou desistir desse caminho, não vou deixar de sonhar. Estou caindo aos pedaços, mas vejo ali fora alguns raios de sol e resta em meu coração, lá no fundo, esperança - e é isso que me faz sorrir depois de chorar. Viver sem esperar nada é viver sem esperança, na frieza da apatia; não desisti: ainda resta calor aqui dentro.

segunda-feira, 15 de março de 2010

how can people be so heartless?

sexta-feira, 5 de março de 2010

Queen e outras duas coisas que não tem nada a ver com nada































ffffound!


***

Seria eu cool o suficiente pra ter um nome fancy como Vitória Luiza?


***

Insanity laughs under pressure we're cracking
Can't we give ourselves one more chance
Why can't we give love that one more chance
Why can't we give love give love give love give love
give love give love give love give love give love
'Cause love's such an old fashioned word
And love dares you to care for
The people on the edge of the night
And love dares you to change our way of
Caring about ourselves
This is our last dance
This is ourselves
Under pressure
Under pressure
Pressure*



(*) Under Pressure - Queen

quinta-feira, 4 de março de 2010

ameixas, Inglaterra e Joana d'Arc

ela perguntou se eu aceitava um chá, e respondi que sim se fosse daquele bem vermelho, e foi pra cozinha e começou a me contar sobre os terremotos no Chile, porque era uma coisa muito triste tudo que estava acontecendo, 2012 chegando, vai ser que nem naquele filme aquele que tem aquele cara lá que eu não gosto, primeiro foi no Haiti e logo logo vai ser aqui ou até mesmo nas Malvinas, e falou que parece que a disputa entre Inglaterra e Argentina tá reesquentando porque nas Malvinas é só pedra que tem lá mas embaixo tem muito petróleo, daí perguntou o que eu achava, porque ela acha que os ingleses vão redominar o mundo em 2012, "tu vê só, eles começaram com a música e vão conquistar TUDO, e tu viu só como eles são cool? tu vai ver só quando chegar 2012". ela vivia falando em 2012, assistiu um milhão de programas sobre isso tomando chá e se impressionou, tadinha - confesso que também penso um pouquinho nisso, mas ela acha que é muito possível que a humanidade acabe com um meteoro ou com a expansão do sol para o fim ou com uma invasão alieníngina ou com o redomínio inglês, e ficava brava quando eu dizia que isso seria ótimo porque começaria o reinado das baratas sobre a Terra e que elas seriam tão evoluídas quanto nós somos em relação aos dinossauros. ela me estendeu uma xícara de chá e disse pra tomar cuidado porque estava muito quente e que se tomasse agora queimaria o céu da boca, falou que era um chá pra desinchar o corpo e que fazia mais efeito quando se tomava morno; eu disse que ela parecia mais inchada que o normal, assim inchada de grávida, e ela ficou meio brava - eu percebi, e daí ela disse que aquilo era inchaço de tpm e começou a falar sobre ameixas
"que ameixas?"
"é que hoje de tarde eu achei que tinha ameixa na geladeira, mas fui ver e só tinha maçã - e ai, tô táo enjoada de maçã!"
"sei como é"
mas olha que eu não sabia, porque nunca tive um desejo alucinante de comer ameixa, e se parar pra pensar posso dizer que nunca tive por nada um desejo alucinante: ameixa, cerveja, sexo, conhecimento, safáris. ouvi ela perguntar
"tu acha que isso pode acontecer?"
"desculpa, querida, acontecer o que mesmo?
"isso que eu te disse que vi no sonho, de o magma do centro subir todo e incendiar o planeta? será que é um sonho profético? e se fosse - imagina só: quando as fendas surgissem nas Malvinas eu saberia o que viria em seguida. e se eu fosse falar com um vidente? será que ele saberia dizer se é verdade isso?"
era outra coisa que ela fazia com frequência. acho que devia ter inconscientemente o desejo alucinante de ser uma espécie de Joana d'Arc. uma vez eu disse que ela deveria tentar abrir uma igreja, que tem tantas por aí que nem deve ser difícil conseguir uma licença - será que existe licença pra abrir igreja? mas bom, se ela abrisse uma igreja e conseguisse reunir uns malucos que acreditassem nesses sonhos ela poderia começar a se sentir um pouco Joana. ela ficou um pouco incomodada com esse comentário (fiquei até com a impressão de que minhas visitas devem irritá-la e muito), então expliquei que isso poderia acontecer, era só esperar os malucos chegarem até ela, porque as pessoas têm essa necessidade de pertencer a um alguém um deus uma empresa, e daí elas se juntam a qualquer coisa dessas que dê sentido a algo que elas queiram pertencer. ela pensou um pouco e achou a idéia interessante, só que nunca faria algo assim porque seria um embuste
"o que é um embuste?"
"é uma coisa assim falsa"
"ahh... uma espécie de mentira, então?"
"mas uma baita mentira, uma bem ardilosa"
"tipo o grande golpe da lipo?"
"é, isso é um baita embuste"
seria um embuste exigir dinheiro pela fé das pessoas, que cada um deveria ter seu próprio altar em casa e honrar aos deuses que bem quisesse, isso sim, porque se todos os deuses que existem estivessem se sentindo importantes nada disso estaria acontecendo pelo mundo, que era a grande vingança não apenas do planeta mas de todo o universo e que
"vou ali na fruteira comprar cigarro"
"traz ameixa pra mim? daquelas vermelhas"
"se tiver dessas eu trago"
fui e voltei com um maço de Marlboro e umas três ameixas, e ela já havia terminado o chá e servido uma bandeja com bolo de maçã
"tu não tinha enjoado de maçã?"
"de maçã crua. assim cozido fica diferente, tipo banana"
"eu não acho que maçã cozida se pareça com banana"
"nããão, eu quis dizer que maçã cozida tem gosto diferente, assim como a banana cozida também fica melhor do que banana pura"
"ah"
às vezes eu pensava que esses chás que ela tomava faziam um pouco mal, que ela não andava muito certa das idéias. ela pegou uma ameixa e acendeu um cigarro.
"essa é a única do saco que presta, tu não sabe escolher ameixa"
"não tinha nenhuma que prestasse lá na fruteira"
"então não devia ter trazido!"
"mas tu disse que queria ameixa!"
"sim, mas quando elas não tão boas a gente não traz"
"tu tá comendo isso e fumando, nem tá sentindo gosto de nada"
"mas sinto a consistência"
ela ligou a tv e disse que tinha dado pau no gato da tv a cabo, que muito provavelmente o que teria de melhor pra olhar a uma hora dessas seria Boa Tarde com Marlei Soares e começou a pular de canal pra canal; parou num que mostrava uma animação com lava vulcânica e o repórter falando por telefone
...e o governo inglês já providenciou o envio de tropas para averiguar a situação; enquanto isso, boa parte da população das ilhas foi acolhida em território argentino e o restante está a caminho. Aqui em Buenos Aires o clima é de alerta, mas ninguém sabe ao certo o que está acontecendo nas Malvinas, conhecidas pelos ingleses como ilhas Falkland. Sabe-se apenas que uma enorme cratera irrompeu em uma das ilhas e foram sentidos vários tremores sísmicos no dia de ontem. De acordo com o geólogo uruguaio..."

waiting for a fall



ffffound!

quarta-feira, 3 de março de 2010


Le Love

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

manhã de céu azul

lembra quando você me disse que queria ser pintora? pois olhe agora pra você, atirada aí no sofá assistindo esses mesmos clipes, veja só, já está querendo chorar outra vez, não, não fica assim, só falei desse jeito porque você deveria estar fazendo alguma outra coisa, olhe: o céu lá fora tão bonito, todo azul, e você nesse sofá com esse casaco de moletom em pleno verão. você tinha dito que se tivesse um tempo sobrando começaria a pintar e passaria o dia pintando porque isso a deixava feliz, mas olha, eu não sou muito bom com essas coisas que a gente precisa falar de vez em quando, não me leve a mal, mas é que não consigo ver você desse jeito. ó, desliga isso e vamos dar uma volta, é só arrumar o cabelo e colocar o óculos preto que ninguém vai perceber, além do mais os gatos estão sem nada pra comer, vem comigo, eu te levo até o banheiro, espera que eu te ajudo querida, não, assim não, minha nossa, não são nem dez e meia da manhã e você já está caindo de tão bêbada, vi que você chegou depois das quatro ontem e já acordou às sete, comeu alguma coisa? eu sabia, levantou e já foi encher a cara e assistir esses mesmos vídeos, vem cá, você sabe que ele não volta, não adianta ficar assim. olha, não sou bom nessas coisas, mas às vezes penso que você nem tenta, nem parece mais você, meu amor, você não era assim, nunca vi alguém tão quieta como você tem andado nesses últimos tempos, e sei que você não era assim, me dizia sempre que tinha motivo pra sorrir todos os dias, e agora me parte o coração ver você assim. vem junto comigo, daí eu te faço algum coisa pra comer, não é bom passar o dia inteiro do jeito que você passa, sabe, não adianta nada ficar assim, já se passaram quatro anos e não adiantou nada, você sabe que ele não volta.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Cretinices

- Cansei.
- De que? - ela perguntou sem desviar os olhos da tv.
- Ah, de tudo e de nada.
- Como assim? Cansou ou não, afinal?
- Esquece.
Não era o momento e ela não era a pessoa com quem eu poderia falar sobre uma coisa dessas. Aliás, também estava cansado dela, dessa vida cretina que ela andava levando. me irritava demais, mas ela não estava nem aí pra nada: as notícias do Haiti, o novo cd da Shakira, o que eu tinha pra falar, o cara da novela que se internou: tudo pra ela era a mesma coisa, ela e aquela cara de tédio. Lembro vagamente de quando a deixei entrar em minha vida, parecia perdida e inocente; assim que se acomodou sob meu teto, virou essa coisa em frente a tv, essa coisa que eu até suspeito às vezes: me despreza.
Um dia pensei em dizer tudo, que a achava uma baita cretina, exigir que me amasse e que olhasse pra mim enquanto eu estava falando - mas eu... eu mesmo não a amava e estava cansado
de ver o céu azul ali fora e não ter pra onde ir
de ter as palavras certas mas não ter o que dizer
de fumar esses cigarros malditos por não ter mais grass
de encher a cara e ir dormir sem nem ao menos dar uma trepada. Sei que tudo isso pode ter uma solução e que no fundo não é culpa dela. acontece que eu observo a vida com a mesma cara de tédio que ela observa as imagens passando na tv.

sábado, 13 de fevereiro de 2010

IV


ffffound!

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

lovesong

Te mandei um milhão de rosas por sedex e você nem abriu os envelopes pra ver o que tinha dentro. todas murcharam e morreram porque você nem quis saber: leu meu nome escrito à caneta no envelope e guardou no canto das coisas desinteressantes. Uma pilha de envelopes.
também te mandei um pouco de areia que peguei no Sudão e uma folha de caderno com
It's hard to believe that there's nobody out there
It's hard to believe that I'm all alone
Atleast I have her love, the city, she loves me
Lonely as I am, together we cry
*
escrito com minha letra tão tímida. Mandei uma folha dourada que encontrei no Canadá num dia gelado de outono
daquele cogumelo gigante que me cantou um lovesong, mandei uma foto com a minha cara naquele dia e mandei uma foto de cada pôr-do-sol que vi, um pedaço de tijolo da parede que quebrei com um soco, os trechos que mais gostei de cada livro que li datilografados pra você entender bem, uma fita cassete com as músicas que mais ouvi e a capa que desenhei,
garota, te mandei tudo que eu queria ter te dado e você não estava.
Você nem ligou.


(*) Under the Bridge - RHCP

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

sobre partir ou não

O telefone tocou e era a voz dela do outro lado
- Se quiser me ver, aparece lá naquele lugar da outra vez depois do meio-dia.
e desligou.
Estendi a mão até a carteira de cigarros e apanhei um. A voz de Grahan dizia
Something's changing, it's in your eyes
Please don't speak, you'll only lie

enquanto eu o acendia e estendia as pernas sobre a escrivaninha. Observei o céu azul-manhã, as nuvens e o imenso outdoor ali fora. Fazia muito tempo que eu sequer ouvia sua voz. ela tinha dessas coisas: às vezes sumia durante meses, daí voltava e durante um tempo eu a via todos os dias, ela me ligava e convidava para dar uma volta e comer doritos e sorvete, depois sentávamos na beira da calçada e fumávamos sem pressa. Então um dia ela simplesmente não aparecia mais... e passava um dia, dois, mês e eu já sabia que era assim mesmo. Eu só sentia muito medo de que ela não voltasse mais, mas já tinha me acostumado a essa inconstância - ainda assim, continuava acreditando que um dia ela ficaria e que então os dias seriam bons para sempre.
O cigarro estava terminando e eu já sentia vontade de acender outro. Tentei acender, mas o isqueiro parou de funcionar e não quis ir até o fogão. Pensei sobre as nuvens contra o céu flutuando tão brancas até lembrar que ela estava de volta e que a veria novamente. Tomei um banho e procurei a melhor roupa limpa que eu tinha, passei no mercado e comprei uma garrafa de vinho.
Cheguei pouco antes do meio-dia e procurei um banco à sombra - claro que ela ainda não estava lá. Desejei acender um cigarro, mas não vi ninguém fumando por perto. Mudei de posição umas 10 vezes até avistá-la ao longe. O cabelo estava mais comprido e pintado de verde, as roupas estranhíssimas e ultradark - mas eu reconheceria aquele jeito de andar em qualquer lugar. ela já estava bem perto quando percebi que eu estava prendendo a respiração há alguns segundos. Ela disse
- E aí, garoto?
e tirou os óculos escuros, sorriu e me abraçou bem forte. Senti aquele cheiro que só ela tinha
- Por onde tu andou?
- Pelo mundo, por aí, por muitos lugares. e tu?
- Fiquei por aqui mesmo, não fiz nada demais nem fui muito longe.
Quando ela viu a garrafa de vinho, quis logo abrir. Sentou ao meu lado e ofereceu um cigarro enquanto eu tentava tirar a rolha com uma caneta. quando consegui, ela pegou meu rosto entre as mãos e me beijou e eu esqueci do cigarro aceso e da garrafa aberta. Senti aquela pontada de sempre no peito mas ao mesmo tempo me senti tão bem... bem.
- Senti tua falta.
- Isso não é bom. tu sabe que eu... sou assim.
- Eu sei, mas senti tua falta.
- Também pensei bastante em ti.
Ela tinha aquele brilho nos olhos e me fazia sentir bem. não queria pensar que ela não estaria ali para sempre, que sem mais nem menos partiria. Disse-lhe que senti saudade, mas ela certamente não imaginava o quanto. Parecia tão bem e tinha um brilho tão lindo no olhar que eu não conseguia pensar em coisas tristes quando estava ao seu lado.
Certa vez lhe escrevi uma carta com muitas páginas onde eu disse tudo. Levei a carta quando fui vê-la, mas não entreguei. amassei e joguei fora na mesma noite.
- Aqui é o único lugar pra onde eu costumo voltar.
- Só não entendo por que tu some, sabe?
- Eu preciso. Não sei explicar bem, mas eu não posso ficar. Só queria que tu acreditasse que eu gosto muito de estar aqui, mas não posso ficar.
Quis perguntar se não ficaria por mim, mas claro que ela não precisava e estava bem assim. Peguei a mão dela e apertei forte.
- Existem muito mais motivos pras pessoas partirem do que pra ficarem, mas elas sempre acabam ficando. Não consigo ficar, eu não seria eu mesma se ficasse aqui.
e de alguma forma eu pude entendê-la nesse instante, mesmo sem nunca ter partido.

Caio

"(...) claro que você não tem culpa, coração, caímos exatamente na mesma ratoeira, a única diferença é que você pensa que pode escapar, e eu quero chafurdar na dor deste ferro enfiado fundo na minha garganta seca que só umedece com vodka, me passa o cigarro, não, não estou desesperada, não mais do que sempre estive, nothing special, baby, não estou louca nem bêbada, estou é lúcida pra caralho e sei claramente que não tenho nenhuma saída, ah não se preocupe, meu bem, depois que você sair tomo banho frio, leite quente com mel de eucalipto, gin-seng e lexotan, depois deito, depois durmo, depois acordo e passo uma semana a ban-chá e arroz integral, absolutamente santa, absolutamente pura, absolutamente limpa, depois tomo outro porre, cheiro cinco gramas, bato o carro numa esquina ou ligo para o CVV às quatro da madrugada e alugo a cabeça dum panaca qualquer choramingando coisas do tipo preciso-tanto-de-uma-razão-para-viver-e-sei-que-esta-razão-só-está-dentro-de-mim-bababá-bababá, até o sol pintar atrás daqueles edifícios, não vou tomar nenhuma medida drástica, a não ser continuar, tem coisa mais destrutiva que insistir sem fé nenhuma?”



Caio Fernando Abreu

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

À tout le monde

Don't remember where I was
I realized life was a game
The more seriously I took things
The harder the rules became
I had no idea what it'd cost
My life passed before my eyes
When I found out how little I accomplished
All my plans denied

So as you read this know my friends
I'd love to stay with you all
Please smile when you think about me
My body's gone that's all

À tout le monde
À tout mes amis
Je vous aime
Je dois partir
These are the last words
I'll ever speak
And they'll set me free

If my heart was still alive
I know it would surely break
And my memories left with you
There's nothing more to say

Moving on is a simple thing
What it leaves behind is hard
You know the sleeping feel no more pain
And the living are scarred




Apesar de tantos anos passados, eu ainda sei de cor essa letra - como todas as outras do Youthanasia. Daí eu tento entender e não consigo - será só eu que não entendo?: como podemos passar tanto tempo longe de coisas que nunca deixamos de amar. Por que as deixamos em algum lugar que já não é mais? Foi um dos álbuns que mais ouvi na vida, amei cada música ao máximo. talvez o deixei porque ele carrega muitas lembranças - e eu preciso esquecer.
Há tantas coisas não ditas... mas suas auras pairam à minha frente e eu as sinto. guardei naquele quarto escuro todas as coisas que nunca disse, e agora elas me atormentam durante a noite. sei onde deixei as chaves, mas tenho medo de entrar lá e te dizer tudo.
Um dia alguém me disse que ninguém é insubstituível. Fico pensando quando chegará o dia em que eu pensarei assim, se ainda restará um pouco de calor em meu coração. Estou ficando cada vez mais fria - não cruel, isso é quase impossível. mas fria. apagada. distante. Não sou eu assim durante todo o tempo: muitas gargalhadas ouço ao meu redor, muitas coisas bonitas eu vejo, muito me interessam as coisas que leio e a música. E numa manhã chuvosa de segunda, encontrei Muse e foi amor de cara.

If we live a life in fear
I'll wait a thousand years
Just to see you smile again

Kill your prayers for love and peace
You'll wake the thought police
We can't hide the truth inside

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

por enquanto

No jardim das ilusões temporárias eles brincam.
Enquanto brilham as luzes artificiais, todos parecem mais felizes. Acordaram velhos no pântano desgostoso: apagaram-se as luzes.

eu estou na porta.