Lá está, no sofá, atirado: Perry Anderson. E cá estou, evitando-o.
Tenta me seduzir com parágrafos intermináveis e notas de rodapé insossas e desnecessárias.
Ignoro.
"As invenções técnicas capitais desta época podem ser vistas, em um certo aspecto, como variações de um campo comum, o das comunicações. Elas se referem, respectivamente, ao dinheiro, à linguagem, às viagens e à guerra: mais tarde, todas presentes entre os grandes temas filosóficos do iluminismo", insiste Perry.
"Nem vem", replico.
"Marx, por seu lado, afirmou repetidamente que as estruturas administrativas dos novos Estados absolutistas eram um instrumento tipicamente burguês", de novo.
Nas entrelinhas de tais proclamações acaloradas, Perry deixa transparecer, timidamente, toda a inveja que sente do finado Engels.
sexta-feira, 28 de março de 2008
No cruzamento da Azenha com a Érico
Então a sinaleira abriu... e o carro ficou.
E lá fui eu, empurrando o carro até a calçada (tá certo que tinha outros três dentro do carro, mas acontece que sou uma excelente pessoa, tipo aquele cara da propaganda do táxi e da chuva - só que muito muito melhor e puramente altruísta, que isso fique claro [tipo: sabe aqueles seres que frisam incansavelmente o quanto são excelentes? Sempre quis ter um momento desses, não ia deixar passar a oportunidade]). O fato é que o carro chegou até a calçada, em algum momento.
Depois de inúmeras tentativas falhas de reanimar o carro, surge... alguém. Desses que ficam ali no meio do movimento, sempre à espera de uma desgraça pra entrar em ação.
- Tá com cara de falta de gasolina. Eu já dirigi muito carro nessa vida, sei das coisa.
- É álcool. E de qualquer jeito, o tanque tá cheio.
- Mas parece gasolina. Sabe, eu so de confiança. Trabalho ali ó, do otro lado - e aponta pro gramado que divide a avenida -; fico ali o dia todo.
- Ahh, ali. Eu sei! Vejo o senhor todos os dias, sempre passo por aqui de ônibus - mais uma das minhas súbitas respostas agradáveis e completamente falsas. Well, ele também mentiu que trabalhava.
- Gahaghaaa! Tu me conhece, é? - e juro, juro que essa risada/grunhido/espasmo foi das coisas mais assustadoras que já ouvi; não durou mais que dois segundos, mas foi o suficiente pra notar os quatro buracos outrora preenchidos com dentes.
Ele ronda o carro. Espia pela janela e tenta:
- Ô, chimarrista: me vê um cigarro aí!
- Ninguém fuma aqui - corto, implacável como a nova Gillette Mach3 Turbo Victory (é, Devin: somos duas putas).
- Tô achano que não vai pega esse carro, viu? Logo ali assim tem uma oficina, tá vendo? É 300 metro pra lá. Eu conheço aqui, trabalho há tempo aqui. Trabalho numa comunidade, sabe? Tomara que tu pegue o João por lá. Ele é meu amigo, sabe? Tá sempre por lá, mora logo ali atrás - e aponta pro Olímpico.
- Ahn... Tá, vou até a oficina - uma oficina e alguns minutos longe daquele bafo de cachaça: perfeito.
- Não tem nenhuma oficina ali! Falei com o cara do posto de lavagem: ele trabalha aqui há 2 anos e disse que a oficina da Érico mais próxima fica uns 2 km pra lá. Falou que era melhor ir numa outra que fica ali pra trás, são só três quadras.
- Moça, eu até ia fica aqui ajudano, mas é que agora preciso trabalha...
Cruzou a avenida e foi conversar com a moça dos panfletos. Sobre a comunidade, supus.
E lá fui eu, empurrando o carro até a calçada (tá certo que tinha outros três dentro do carro, mas acontece que sou uma excelente pessoa, tipo aquele cara da propaganda do táxi e da chuva - só que muito muito melhor e puramente altruísta, que isso fique claro [tipo: sabe aqueles seres que frisam incansavelmente o quanto são excelentes? Sempre quis ter um momento desses, não ia deixar passar a oportunidade]). O fato é que o carro chegou até a calçada, em algum momento.
Depois de inúmeras tentativas falhas de reanimar o carro, surge... alguém. Desses que ficam ali no meio do movimento, sempre à espera de uma desgraça pra entrar em ação.
- Tá com cara de falta de gasolina. Eu já dirigi muito carro nessa vida, sei das coisa.
- É álcool. E de qualquer jeito, o tanque tá cheio.
- Mas parece gasolina. Sabe, eu so de confiança. Trabalho ali ó, do otro lado - e aponta pro gramado que divide a avenida -; fico ali o dia todo.
- Ahh, ali. Eu sei! Vejo o senhor todos os dias, sempre passo por aqui de ônibus - mais uma das minhas súbitas respostas agradáveis e completamente falsas. Well, ele também mentiu que trabalhava.
- Gahaghaaa! Tu me conhece, é? - e juro, juro que essa risada/grunhido/espasmo foi das coisas mais assustadoras que já ouvi; não durou mais que dois segundos, mas foi o suficiente pra notar os quatro buracos outrora preenchidos com dentes.
Ele ronda o carro. Espia pela janela e tenta:
- Ô, chimarrista: me vê um cigarro aí!
- Ninguém fuma aqui - corto, implacável como a nova Gillette Mach3 Turbo Victory (é, Devin: somos duas putas).
- Tô achano que não vai pega esse carro, viu? Logo ali assim tem uma oficina, tá vendo? É 300 metro pra lá. Eu conheço aqui, trabalho há tempo aqui. Trabalho numa comunidade, sabe? Tomara que tu pegue o João por lá. Ele é meu amigo, sabe? Tá sempre por lá, mora logo ali atrás - e aponta pro Olímpico.
- Ahn... Tá, vou até a oficina - uma oficina e alguns minutos longe daquele bafo de cachaça: perfeito.
- Não tem nenhuma oficina ali! Falei com o cara do posto de lavagem: ele trabalha aqui há 2 anos e disse que a oficina da Érico mais próxima fica uns 2 km pra lá. Falou que era melhor ir numa outra que fica ali pra trás, são só três quadras.
- Moça, eu até ia fica aqui ajudano, mas é que agora preciso trabalha...
Cruzou a avenida e foi conversar com a moça dos panfletos. Sobre a comunidade, supus.
segunda-feira, 17 de março de 2008
Nada elucidativo
- Sabe onde fica o prédio da Física?
- Sei, fica pra lá.
- Tá, valeu.
- Espera! Tu pega e... vai... ahn... Ah, pede pralguém que tu encontrar pelo caminho.
- ...ahn ahhh, sim. brigada.
- Sei, fica pra lá.
- Tá, valeu.
- Espera! Tu pega e... vai... ahn... Ah, pede pralguém que tu encontrar pelo caminho.
- ...ahn ahhh, sim. brigada.
sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008
Protocolos e afins
Agora eu pensei: não seria bem melhor se não existissem essas porras virtuais que te permitem saber o que os teus malditos colegas da 5ª série fizeram em Torres ontem? Não que eu tenha interesse em inutilidades desse tipo, mas é um exemplo tosco que era pra ser tosco mesmo pra demonstrar a facilidade da coisa.
Me imaginei vivendo há uns 15 anos atrás: moradora recente da capital do estado, no meu apartamento escassamente decorado (salvo o telefone no hallzinho de entrada: desses com a roda de discagem - será esse o nome? - ainda, verde-sem-graça: o luxo da casa). As ligações ainda seriam relativamente caras, e Bill Clinton estaria dizendo por aí que a internet seria uma tecnologia passageira. Meu único contato não-físico com a antiga cidade seria através do telefone. Uns raspariam o cabelo (não era essa a moda capilar masculina em meados dos anos 90?), outras tatuariam a sobrancelha e usariam unhas postiças e casariam e teriam gêmeos - e talvez eu jamais ficasse sabendo disso.
Maaaas, como o Bill tava errado e não tenho telefone no hall de entrada, cá estou, completamente encontrável. Meus colegas da 5ª série podem facilmente constatar que continuo dividindo o cabelo (é, bastante coisa pra falar sobre cabelos hoje) com uma risca à esquerda e que não me tornei muito mais sociável. Podem ser simpáticos e fingir interesse pelo último final de semana que passei. Podem me desejar feliz páscoa antecipadamente. Podem tudo, ao mesmo tempo em que continuam no anonimato: todos sabem sobre todos, sem necessariamente manter contato direto. E no fim, todos se agarram o quanto podem à impressão de que estão mantendo laços das mais variadas espécies com todos aqueles que não teriam nem ligado, 15 anos atrás.
Me imaginei vivendo há uns 15 anos atrás: moradora recente da capital do estado, no meu apartamento escassamente decorado (salvo o telefone no hallzinho de entrada: desses com a roda de discagem - será esse o nome? - ainda, verde-sem-graça: o luxo da casa). As ligações ainda seriam relativamente caras, e Bill Clinton estaria dizendo por aí que a internet seria uma tecnologia passageira. Meu único contato não-físico com a antiga cidade seria através do telefone. Uns raspariam o cabelo (não era essa a moda capilar masculina em meados dos anos 90?), outras tatuariam a sobrancelha e usariam unhas postiças e casariam e teriam gêmeos - e talvez eu jamais ficasse sabendo disso.
Maaaas, como o Bill tava errado e não tenho telefone no hall de entrada, cá estou, completamente encontrável. Meus colegas da 5ª série podem facilmente constatar que continuo dividindo o cabelo (é, bastante coisa pra falar sobre cabelos hoje) com uma risca à esquerda e que não me tornei muito mais sociável. Podem ser simpáticos e fingir interesse pelo último final de semana que passei. Podem me desejar feliz páscoa antecipadamente. Podem tudo, ao mesmo tempo em que continuam no anonimato: todos sabem sobre todos, sem necessariamente manter contato direto. E no fim, todos se agarram o quanto podem à impressão de que estão mantendo laços das mais variadas espécies com todos aqueles que não teriam nem ligado, 15 anos atrás.
terça-feira, 29 de janeiro de 2008
Super NES
Título auto-explicativo? Nem tanto. Aliás, não gosto de títulos - os auto-explicativos, então: abomináveis.
(tá, eu tenho problemas com exclamações e títulos. Mas ao menos tô ciente disso.)
Quando eu era pequena (lálálá), pensava freqüentemente "ainda bem que nasci nessa época: tem TV, video game, tudo. As pessoas não deviam ter muita coisa pra fazer antigamente...". (enfim, tanto pensei nessas pobres pessoas de outros tempos que resolvi estudá-las). Anyway, livros e meu Super NES foram as melhores coisas da minha infância, e por alguns anos cheguei a ter uma estranha impressão de eternidade. E tive, inclusive, noções de datilografia na escola (ha, computador? Ninguém tinha; batalhei muito pra conseguir trocar a viagem das oitavas por um).
Hoje, não sou mais aquela entusiasta tecnológica de antigamente. Falar que os tempos mudaram, que a farinha tá cara, que não vale a pena comprar nada por que amanhã vai ter coisa melhor, não, não é comigo. O que (ainda) me assusta é a facilidade de acesso que temos a qualquer coisa. Qualquer coisa, sabe? Dá pra saber tudo sobre tudo, na hora. Vídeos, pessoas, receitas, complôs - tudo o que se encaixa na categoria tudo. E não é nada difícil, já que a aliança entre informações excessivas e a massa despreparada e ávida acabou gerando milhões de mentes deformadas. Por "mentes deformadas" entendo o desconhecimento que a maioria das pessoas têm sobre si mesmas, e a subseqüente busca pelo conhecimento interno em algo exterior. Ora, as pessoas não sabem mais fazer sexo! SEXO! Isso é o que tem de mais instintivo; ainda que possamos ver sexualidade esbanjando por aí, as pessoas buscam manuais de sexo (seriam, então, falsas demonstrações de sexualidade o que vemos por aí? Taí o ponto que eu queria atingir: tudo hoje em dia é aparente. Valem fotos da própria cara, do piercing no umbigo, estrofes de letras vazias e insignificantes, dezenas de pessoas que se dizem teus fãs. Muitos têm como único objetivo demonstrar incansavelmente o quão interessante e agitada é sua vida. Demonstrar).
Não sou saudosista, nem conservadora. O que acontece é que o capitalismo venceu e blábláblá Whiskas Sachet; logo, ficou na obrigação de proporcionar entretenimento coletivo pra apaziguar e melhor administrar tamanho capital humano já deformado.
(tá, eu tenho problemas com exclamações e títulos. Mas ao menos tô ciente disso.)
Quando eu era pequena (lálálá), pensava freqüentemente "ainda bem que nasci nessa época: tem TV, video game, tudo. As pessoas não deviam ter muita coisa pra fazer antigamente...". (enfim, tanto pensei nessas pobres pessoas de outros tempos que resolvi estudá-las). Anyway, livros e meu Super NES foram as melhores coisas da minha infância, e por alguns anos cheguei a ter uma estranha impressão de eternidade. E tive, inclusive, noções de datilografia na escola (ha, computador? Ninguém tinha; batalhei muito pra conseguir trocar a viagem das oitavas por um).
Hoje, não sou mais aquela entusiasta tecnológica de antigamente. Falar que os tempos mudaram, que a farinha tá cara, que não vale a pena comprar nada por que amanhã vai ter coisa melhor, não, não é comigo. O que (ainda) me assusta é a facilidade de acesso que temos a qualquer coisa. Qualquer coisa, sabe? Dá pra saber tudo sobre tudo, na hora. Vídeos, pessoas, receitas, complôs - tudo o que se encaixa na categoria tudo. E não é nada difícil, já que a aliança entre informações excessivas e a massa despreparada e ávida acabou gerando milhões de mentes deformadas. Por "mentes deformadas" entendo o desconhecimento que a maioria das pessoas têm sobre si mesmas, e a subseqüente busca pelo conhecimento interno em algo exterior. Ora, as pessoas não sabem mais fazer sexo! SEXO! Isso é o que tem de mais instintivo; ainda que possamos ver sexualidade esbanjando por aí, as pessoas buscam manuais de sexo (seriam, então, falsas demonstrações de sexualidade o que vemos por aí? Taí o ponto que eu queria atingir: tudo hoje em dia é aparente. Valem fotos da própria cara, do piercing no umbigo, estrofes de letras vazias e insignificantes, dezenas de pessoas que se dizem teus fãs. Muitos têm como único objetivo demonstrar incansavelmente o quão interessante e agitada é sua vida. Demonstrar).
Não sou saudosista, nem conservadora. O que acontece é que o capitalismo venceu e blábláblá Whiskas Sachet; logo, ficou na obrigação de proporcionar entretenimento coletivo pra apaziguar e melhor administrar tamanho capital humano já deformado.
domingo, 27 de janeiro de 2008
[insert title]
Well: again.
Confesso que nunca tive interesse algum em criar um lugar imaginário que eu pudesse entupir de coisas idiotas e mesmo sendo coisas idiotas todos viessem e dissessem "ai, que bunito que vc ixcrevi" ou "yeah, cool". (sem contar que esse tal lugar - vulgo blog - fica em outro lugar que não existe [sim, acho todas essas coisas soft irreais e não-merecedoras das minhas crenças]). Mas resolvi criar um lugar desses especialmente pra uma pessoa, que nem sempre tá por perto quando eu elaboro os sofismas mais rebuscados... Atenção, pessoa: agora tu tem acesso às minhas idéias em qualquer lugar! (exclamação... não-exclamação... é, exclamação).
O fato é que criar essa porra deu um baita trabalho. Tá, pensei que ia demorar uns dez minutos, mas levou bem mais de uma hora; por algum motivo ainda não esclarecido, o texto insistia em ficar com uma formatação diferente a cada tentativa (e juro que não foi culpa minha! Além de tudo, esses lugares que não existem agem de forma duvidosa). E... Bem, também tinha que escolher as cores e tal - o que demorou cerca de dois minutos, já que escolho as três cores de sempre em 90% das situações.
Espero, sinceramente, que eu honre todo esse tempo gasto com coisinhas e que continue a escrever (ora, só com o tempo que gastei pra criar esse troço já poderia estar com meu necromante no level 20).
Confesso que nunca tive interesse algum em criar um lugar imaginário que eu pudesse entupir de coisas idiotas e mesmo sendo coisas idiotas todos viessem e dissessem "ai, que bunito que vc ixcrevi" ou "yeah, cool". (sem contar que esse tal lugar - vulgo blog - fica em outro lugar que não existe [sim, acho todas essas coisas soft irreais e não-merecedoras das minhas crenças]). Mas resolvi criar um lugar desses especialmente pra uma pessoa, que nem sempre tá por perto quando eu elaboro os sofismas mais rebuscados... Atenção, pessoa: agora tu tem acesso às minhas idéias em qualquer lugar! (exclamação... não-exclamação... é, exclamação).
O fato é que criar essa porra deu um baita trabalho. Tá, pensei que ia demorar uns dez minutos, mas levou bem mais de uma hora; por algum motivo ainda não esclarecido, o texto insistia em ficar com uma formatação diferente a cada tentativa (e juro que não foi culpa minha! Além de tudo, esses lugares que não existem agem de forma duvidosa). E... Bem, também tinha que escolher as cores e tal - o que demorou cerca de dois minutos, já que escolho as três cores de sempre em 90% das situações.
Espero, sinceramente, que eu honre todo esse tempo gasto com coisinhas e que continue a escrever (ora, só com o tempo que gastei pra criar esse troço já poderia estar com meu necromante no level 20).
Que?
Pois bem: há algum tempo me prometi que escreveria. Qualquer coisa, disse. Não lembro se cheguei realmente a prometer, mas enfim: resolvi escrever.
Antes de qualquer outra coisa, vou selecionar qualquer fonte que não seja Times. É inexplicável, mas desde sempre essa fonte me irritou muito, e até hoje não entendo como ela é o padrão do Word.
Pronto. Sem mais reclamações acerca de coisas abstratas.
E agora não tenho sobre o que falar! (que ponto de exclamação estranho. Já cheguei a mencionar que não gosto nem um pouco de exclamações? Pois é. Sempre paro e penso um monte antes de usar uma. Sei lá, sempre me soou tão falso. Mnnn... pensando mais pragmaticamente, acho que sou uma pessoa com uma enorme lista de coisas pra não gostar: pessoas, exclamações, Times, The OC, escrita formal desnecessária, aparições intelectuais em locais desnecessários, hierarquias, e infinitamente mais coisas. Basicamente, tudo o que envolve pessoas. Eu tô tão, mas tããão enjoada de todas essas pessoas seguindo condutas padronizadas e dizendo que buscam distinção moral. Vem daí a minha implicância com aqueles que se auto-proclamam indies: todos sempre iguais, sempre pensando que são diferentes e que estão sozinhos no mundo. Tá, vou deixar os indies pra lá – eles têm sido o principal alvo das minhas críticas à massificação e exteriorização social nos últimos tempos, já deu pra entender. Acontece que esses dias eu tava no ônibus, voltando pra casa, sentada bem no fundo – como de costume -, e prestei atenção no ambiente: todos sentados ao lado de estranhos, todos arrumadinhos. Um levanta, puxa a campainha e desce. Outro levanta, puxa a campainha e desce. E outro e outro. E eu. O que me deixa boquiaberta é a abominável quantidade dessas porras que a gente decora pra viver em sociedade, a mecanização humana, que gera, por fim, a tal padronização - tida pelos mais sensatos seres como normal. Chega, minha dor de cabeça tá voltando.)
Antes de qualquer outra coisa, vou selecionar qualquer fonte que não seja Times. É inexplicável, mas desde sempre essa fonte me irritou muito, e até hoje não entendo como ela é o padrão do Word.
Pronto. Sem mais reclamações acerca de coisas abstratas.
E agora não tenho sobre o que falar! (que ponto de exclamação estranho. Já cheguei a mencionar que não gosto nem um pouco de exclamações? Pois é. Sempre paro e penso um monte antes de usar uma. Sei lá, sempre me soou tão falso. Mnnn... pensando mais pragmaticamente, acho que sou uma pessoa com uma enorme lista de coisas pra não gostar: pessoas, exclamações, Times, The OC, escrita formal desnecessária, aparições intelectuais em locais desnecessários, hierarquias, e infinitamente mais coisas. Basicamente, tudo o que envolve pessoas. Eu tô tão, mas tããão enjoada de todas essas pessoas seguindo condutas padronizadas e dizendo que buscam distinção moral. Vem daí a minha implicância com aqueles que se auto-proclamam indies: todos sempre iguais, sempre pensando que são diferentes e que estão sozinhos no mundo. Tá, vou deixar os indies pra lá – eles têm sido o principal alvo das minhas críticas à massificação e exteriorização social nos últimos tempos, já deu pra entender. Acontece que esses dias eu tava no ônibus, voltando pra casa, sentada bem no fundo – como de costume -, e prestei atenção no ambiente: todos sentados ao lado de estranhos, todos arrumadinhos. Um levanta, puxa a campainha e desce. Outro levanta, puxa a campainha e desce. E outro e outro. E eu. O que me deixa boquiaberta é a abominável quantidade dessas porras que a gente decora pra viver em sociedade, a mecanização humana, que gera, por fim, a tal padronização - tida pelos mais sensatos seres como normal. Chega, minha dor de cabeça tá voltando.)