sexta-feira, 8 de abril de 2011
eu tinha dito que começa com vida e ninguém leu
não é muito mais triste quando não se tem mais sentido?
não é muito mais amplo que um sentido estrito?
não leia.
demorou uma vida pra ser escrito.
e é uma vida que não tem sentido.
não é muito mais amplo que um sentido estrito?
não leia.
demorou uma vida pra ser escrito.
e é uma vida que não tem sentido.
Atlas room
quando joguei Tomb Raider pela primeira vez, me deslumbrei ao chegar a St. Francis Folly (e achei o máximo a animação em cg da introdução da fase).
era o cenário mais bonito pras fases mais fudidas.
lá tem um hall com 4 grandes portas; atrás de uma delas fica The Atlas Room.
quando encontramos o que procuramos, o mundo desaba.
era o cenário mais bonito pras fases mais fudidas.
lá tem um hall com 4 grandes portas; atrás de uma delas fica The Atlas Room.
quando encontramos o que procuramos, o mundo desaba.
quarta-feira, 6 de abril de 2011
Nemesis Voices*
DON'T YOU FEEL THE DIFFERENCE?
NEMESIS DELTA VOICES FLY
trough all overcoming
feelings
when they travelling
with the dream story admirer high
higher
and loud
louder
word blindness show
helpless hardcore souls
handle my so fucked up down
don't you
don't you feel the difference?
nemesis delta voices fly
trough all synchronic hypnotic
feelings
when they travelling
with the dream story admirer high
higher
and loud
louder
word blindness flow
helpless hardcore souls
waste my so fucking down
I will
I will force
I will force myself
I will force myself
to let this debility
behind my and my
searching confidence
again and again
to let this delusion
behind my and myself created faints
I will force myself
to let this debility
behind my and my
searching confidence
again and again
to let this delusion
behind my and myself created faints
in the high off ambition
killing fields
what is
what is
what is confidence?
trust me
what is confidence?
don't you
feel the difference?
sucks in us corps
trust me
(*) Mariusz Duda
NEMESIS DELTA VOICES FLY
trough all overcoming
feelings
when they travelling
with the dream story admirer high
higher
and loud
louder
word blindness show
helpless hardcore souls
handle my so fucked up down
don't you
don't you feel the difference?
nemesis delta voices fly
trough all synchronic hypnotic
feelings
when they travelling
with the dream story admirer high
higher
and loud
louder
word blindness flow
helpless hardcore souls
waste my so fucking down
I will
I will force
I will force myself
I will force myself
to let this debility
behind my and my
searching confidence
again and again
to let this delusion
behind my and myself created faints
I will force myself
to let this debility
behind my and my
searching confidence
again and again
to let this delusion
behind my and myself created faints
in the high off ambition
killing fields
what is
what is
what is confidence?
trust me
what is confidence?
don't you
feel the difference?
sucks in us corps
trust me
(*) Mariusz Duda
terça-feira, 5 de abril de 2011
just words
"how can they hear me say those words
still they don't believe me?
and if they don't believe me now
will they ever believe me?
and if they don't believe me now
will they ever, they ever, believe me?"
still they don't believe me?
and if they don't believe me now
will they ever believe me?
and if they don't believe me now
will they ever, they ever, believe me?"
segunda-feira, 4 de abril de 2011
ok
i'm falling to pieces and thought that you could save me again, today.
like in that song about a guy who grabs his mask and tooks his cape and is there.
it doesn't matter if i stay all alone forever, but why do people keep coming here?
keep sucking and sucking and praying for trust - i cannot tolerate it all anymore.
i don't want them to come cause i don't know how to be cruel - you know, life is cruel; i'm just an animal.
you'll never know how the tiny little things that are nothing - "just music, dark & freak" - tiny little things that were just fucking coincidences pissed me off through these years, like if you were over there thinking the same.
and i'm dying now, i lost all my pieces.
i just thought that if i were a little bit closer to you, could be saved again.
i thought.
like in that song about a guy who grabs his mask and tooks his cape and is there.
it doesn't matter if i stay all alone forever, but why do people keep coming here?
keep sucking and sucking and praying for trust - i cannot tolerate it all anymore.
i don't want them to come cause i don't know how to be cruel - you know, life is cruel; i'm just an animal.
you'll never know how the tiny little things that are nothing - "just music, dark & freak" - tiny little things that were just fucking coincidences pissed me off through these years, like if you were over there thinking the same.
and i'm dying now, i lost all my pieces.
i just thought that if i were a little bit closer to you, could be saved again.
i thought.
sábado, 2 de abril de 2011
quinta-feira, 31 de março de 2011
atom
não deveria reler o que escrevo - nunca.
são apenas linhas comprovando que devo estar enlouquecendo, que deveria ouvir menos música, que isso tudo é nada, que sei nada, que vejo nada,
SE isso tudo é nada,
por que essas coisas todas
estiveram sempre atormentando?
estou tão cansada.
o que tenho?
nada.
são apenas linhas comprovando que devo estar enlouquecendo, que deveria ouvir menos música, que isso tudo é nada, que sei nada, que vejo nada,
SE isso tudo é nada,
por que essas coisas todas
estiveram sempre atormentando?
estou tão cansada.
o que tenho?
nada.
terça-feira, 8 de março de 2011
domingo, 6 de março de 2011
Animal
Quando pego caneta e papel ou parede ou
qualquer lugar onde se possa imprimir um pensamento, me anulo. Para onde vou, não lembro; devo estar
onde minha vida já está escrita.
Levanto com o sol e começo a ler.
Ligo caixas de som - estou dançando
quando leio que não há música.
Escrevo a música para que os sinos da igreja se façam ouvir - e o som das caixas fica um pouco mais triste.
Fantasmas atravessam plásticos coloridos de pessoas dançantes ao som da música cega e Você me Vê.
você me vê e todos vêem e vem pra cima de mim
pegar os pedaços que caem e caio no chão dizendo
- you're all afraid!*
pegam os pedaços e vão embora dizendo
- Ella é um animal cheio de sangue!
limpem o plástico limpem o plástico
Senhor, quis ser sua filha e não me quis;
Senhor, por que não me fizeste em plástico?
Queria ser de plástico - não animal, sem saber como é quente o sangue quando se tem o gosto de um soco
na boca;
Queria ser de plástico - como meus bonecos mamãe me queria boneca. no dia em que eu disse que não era
boneca ela chutava minha cara e gritava
- Animal!
e depois disso pensei que ela pararia se não falasse mais nada. Continuou até que acreditasse que era um
animal; então veio o sangue e eu estava sangrando até a morte.
Num delírio de morte Vi que lá foralém do mar de gente havia outro animal, e fugi do matadouro porque acreditei que o encontraria.
me perdi no meio de Porto Alegre e vi que a gente aqui não tem sangue; me tranquei do mundo para escrever essa história que as músicas estão te contando.
Me achei no céu deste quarto infernal quando o caos do acaso me trouxe ao andar V; o que fiz ao chegar no céu foi rabiscar no azul uma mensagem para o Senhor que dizia
animal, i'm an animal
and we're all the same
ALL the same**
porque veja, Senhor, agora que eu sou eu tenho uma vaca e um tigre e esta camiseta de porco, veja Senhor que sou um animal
o Senhor não quis ser meu pai. agora que eu sou eu só peço que me mostre, Senhor, como é que se chega até aquele animal que conduz a boiada, o tal Master V Cowboy.
qualquer lugar onde se possa imprimir um pensamento, me anulo. Para onde vou, não lembro; devo estar
onde minha vida já está escrita.
Levanto com o sol e começo a ler.
Ligo caixas de som - estou dançando
quando leio que não há música.
Escrevo a música para que os sinos da igreja se façam ouvir - e o som das caixas fica um pouco mais triste.
Fantasmas atravessam plásticos coloridos de pessoas dançantes ao som da música cega e Você me Vê.
você me vê e todos vêem e vem pra cima de mim
pegar os pedaços que caem e caio no chão dizendo
- you're all afraid!*
pegam os pedaços e vão embora dizendo
- Ella é um animal cheio de sangue!
limpem o plástico limpem o plástico
Senhor, quis ser sua filha e não me quis;
Senhor, por que não me fizeste em plástico?
Queria ser de plástico - não animal, sem saber como é quente o sangue quando se tem o gosto de um soco
na boca;
Queria ser de plástico - como meus bonecos mamãe me queria boneca. no dia em que eu disse que não era
boneca ela chutava minha cara e gritava
- Animal!
e depois disso pensei que ela pararia se não falasse mais nada. Continuou até que acreditasse que era um
animal; então veio o sangue e eu estava sangrando até a morte.
Num delírio de morte Vi que lá foralém do mar de gente havia outro animal, e fugi do matadouro porque acreditei que o encontraria.
me perdi no meio de Porto Alegre e vi que a gente aqui não tem sangue; me tranquei do mundo para escrever essa história que as músicas estão te contando.
Me achei no céu deste quarto infernal quando o caos do acaso me trouxe ao andar V; o que fiz ao chegar no céu foi rabiscar no azul uma mensagem para o Senhor que dizia
animal, i'm an animal
and we're all the same
ALL the same**
porque veja, Senhor, agora que eu sou eu tenho uma vaca e um tigre e esta camiseta de porco, veja Senhor que sou um animal
o Senhor não quis ser meu pai. agora que eu sou eu só peço que me mostre, Senhor, como é que se chega até aquele animal que conduz a boiada, o tal Master V Cowboy.
(*) trecho de (!) Foreword - Pain of Salvation
(**) trecho de Depth Charge - Devin Townsend
sábado, 5 de março de 2011
quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011
sobre começar
o começo sempre parece o mais difícil de se alcançar -
mas é sempre onde estamos: no começo de algo.
tudo que você começou e não terminou,
aquilo que precisava terminar e continuou.
depois olha pra trás e vê: não era nada;
vê que poderia ter visto antes.
o que posso dizer? eu disse.
ninguém é obrigado a ouvir.
nem todos têm vontade de ser.
eu disse que posso ver você.
se você não quer ser lido, não escreva.
se não quer ser desafiado, não lute.
se não quer ser querido, não queira.
mas se quiser, é só começar.
mas é sempre onde estamos: no começo de algo.
tudo que você começou e não terminou,
aquilo que precisava terminar e continuou.
depois olha pra trás e vê: não era nada;
vê que poderia ter visto antes.
o que posso dizer? eu disse.
ninguém é obrigado a ouvir.
nem todos têm vontade de ser.
eu disse que posso ver você.
se você não quer ser lido, não escreva.
se não quer ser desafiado, não lute.
se não quer ser querido, não queira.
mas se quiser, é só começar.
quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011
cavalo e velha
na noite verão
inferno Porto Alegre
velha sentou na sacadAvenida
e contou aos carros
uma história
que ninguém ouviu
achei tudo nessa vida
encontrei o que não pedi
achei o que não devia
e pensei se a cidade pararia
se gritasse aos que vão lá embaixo
“sei o que procuram!”
soubessem o que procuram - e parariam?
soubessem o que acham - continuariam?
a língua se criou pra que fantasmas nos falem
sirenes são alívio a quem está morrendo
e se há vida aqui dentro
por que ajuda é de fora?
gritaria para a cidade que tem alguém me vendo
que tem alguém vindo me ver
que tem alguém vindo me ver
mas não tenho voz nem ninguém
e seria só mais um na cidade gritando
senhor, deixe meus cavalos!
eu comprei sapatos amarelos
porque sonhei com cavalos que corriam na caixa
e os sapatos vão me levar embora daqui,
então deixe meus cavalos
minha vida que começa com
moço estes são meus cavalos
você nem os quis
só quer porque quer
porque você nem quis saber
mas veja bem: não sou a pessoa certa
e preciso dos cavalos,
você não
posso não ter tido a vida leve
nem por isso me joguei
e tenho cavalos mais honestos que o senhor
veja
que tudo não é apenas coincidência
pois já estive aqui antes;
o senhor não é a pessoa certa
veja
com que letra começa a palavra
vida começa com a letra da palavra
começa com vi
veja aqui,
vida aqui: veja!
eu só vim na sacada
já estava tudo assim
mas ninguém ouviu,
e a velha ria
eles continuavam
ela gritava
ninguém ouvia
e ninguém via
e como iam!
a velha ria:
aonde poderiam ir sem ver nem ouvir?
inferno Porto Alegre
velha sentou na sacadAvenida
e contou aos carros
uma história
que ninguém ouviu
achei tudo nessa vida
encontrei o que não pedi
achei o que não devia
e pensei se a cidade pararia
se gritasse aos que vão lá embaixo
“sei o que procuram!”
soubessem o que procuram - e parariam?
soubessem o que acham - continuariam?
a língua se criou pra que fantasmas nos falem
sirenes são alívio a quem está morrendo
e se há vida aqui dentro
por que ajuda é de fora?
gritaria para a cidade que tem alguém me vendo
que tem alguém vindo me ver
que tem alguém vindo me ver
mas não tenho voz nem ninguém
e seria só mais um na cidade gritando
senhor, deixe meus cavalos!
eu comprei sapatos amarelos
porque sonhei com cavalos que corriam na caixa
e os sapatos vão me levar embora daqui,
então deixe meus cavalos
minha vida que começa com
moço estes são meus cavalos
você nem os quis
só quer porque quer
porque você nem quis saber
mas veja bem: não sou a pessoa certa
e preciso dos cavalos,
você não
posso não ter tido a vida leve
nem por isso me joguei
e tenho cavalos mais honestos que o senhor
veja
que tudo não é apenas coincidência
pois já estive aqui antes;
o senhor não é a pessoa certa
veja
com que letra começa a palavra
vida começa com a letra da palavra
começa com vi
veja aqui,
vida aqui: veja!
eu só vim na sacada
já estava tudo assim
mas ninguém ouviu,
e a velha ria
eles continuavam
ela gritava
ninguém ouvia
e ninguém via
e como iam!
a velha ria:
aonde poderiam ir sem ver nem ouvir?
quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011
the blues (onde você não está)
num pedaço de mundo pintado de céu
subi na cama e avistei o inferno lá fora.
cada linha trouxe-me para dentro;
dentro de cada um há vida - mas
todos ficaram trancados para fora;
fora de mim há Alguém e o mundo
que - ninguém sabe - é vermelho demais para se ver.
seu coração está onde você vê
ou onde você não está?
- está aqui dentro, longe de você - ele disse.
essas coisas todas que estão aqui fora - que estão aqui - é como se não tivessem saído de
dentro de mim
ali fora - existe alguém que saiba ler aqui dentro?
- dentro de você está o que queria perto.
olho para fora e lembro o que guardo dentro.
o que está longe é mais perto que o que está ali fora.
subi na cama e avistei o inferno lá fora.
cada linha trouxe-me para dentro;
dentro de cada um há vida - mas
todos ficaram trancados para fora;
fora de mim há Alguém e o mundo
que - ninguém sabe - é vermelho demais para se ver.
seu coração está onde você vê
ou onde você não está?
- está aqui dentro, longe de você - ele disse.
essas coisas todas que estão aqui fora - que estão aqui - é como se não tivessem saído de
dentro de mim
ali fora - existe alguém que saiba ler aqui dentro?
- dentro de você está o que queria perto.
olho para fora e lembro o que guardo dentro.
o que está longe é mais perto que o que está ali fora.
terça-feira, 1 de fevereiro de 2011
V - the new mythology suite
over that hill, my heart
is frozen still
refúgio para as almas é o inferno sob este céu azul, nesse sol que ofusca os cabelos de quem não brilha aloirado.
desde que não tenho mais ignorado as vozes de dentro, temo não conseguir - nunca mais - me interessar pelo que
é de fora. fora é a consciência da desnecessariedade.
aqui fora, sob este céu tão puro, com as árvores e as britinhas brancas sob a janela, a gente merece ser feliz.
eu, com estas palavras delirantes que tomam minha vida, sou desnecessária
(neste inferno de sorrisos bonitos)
eu me abracei de tal forma à consciência dessa solidão, à fome, à miséria, à exaustão física, à insônia, me agarrei aos piores aspectos que me fizeram mulher forte, abracei pra machucar, até que me restassem apenas
estas linhas e o céu azul refletido no esmalte de minhas unhas.
assim eu estava, prensada contra a grama pelo peso do céu, vagando sem o coração para pesar
(para saber por trás do que é bonito, entreguei-o à personificação da humaneidade: um sociopata de frios olhos negros;
“agora que você sabe o que há por trás, vá” - foi o que ele me disse)
quis me livrar de todo o peso para chegar ao céu através da grama.
quis chegar ao significado das palavras mágicas, à pureza da chuva no barro, à leveza de um gato arisco.
escolhi para sempre o destino dos malditos que querem ser o que quer que sejam.
só não contava com você.
com v. aparecendo do nada, um estranho ostentando o símbolo que adotei para minha incompreendida solidão de alma. quando comprei aquele pôster de letras vermelho-sangue numa liquidação, todos acharam
tão bonitinho engraçado “veja só ela”;
tão fortemente me agarrei ao que esse quadro simbolizava que fugi de casa agarrada nele enquanto ninguém
me via.
então você apareceu, carregando à sua frente o símbolo secreto do meu exílio deste mundo.
e o que v. dizia era Pantera.
Pantera, meu único consolo após longos dias de trabalho que emendavam noites bêbadas.
todas as noites ouvia Pantera, bêbada quase ao ponto de entender as palavras que eram cantadas; bebi até conseguir digeri-las.
depois disso, passei a temer o que você pudesse significar, temi que pudesse significar O que me faria esquecer destas linhas que não quero esquecer e que me mantêm viva.
por temer que v. pudesse
abracei o improvável e o cruel,
para provar a mim mesma que não há nada além desta solidão, para entender que não é dos outros que virá a sugestão de alguém para significar.
joguei-me nisso com tudo que sou
para provar que há ninguém por trás de quem quer fugir da solidão, para crer de uma vez por todas que meu coração jaz estilhaçado sob a indiferença humana.
para tentar esquecer que v. poderia significar.
voltei aqui julgando-me salva, indiferente às apelações humanas, a alma toda nessa música que está tocando.
mas você continuou significando.
v. sabe o significado dos jogos, da música e do sombrio, como se entendesse o que é fugir para o leste.
você já significa, independente da minha vontade; não estou mais sozinha, e surpreendi-me desejando não estar. depois que entendi o que v. significa, senti a força que estas linhas podem ter, e descobri que elas não desaparecerão se você chegar mais perto. e que para alguém mais, estas linhas podem significar.
this is
e v. é o que há nos sonhos,
tudo e nada no abrir de olhos.
is frozen still
refúgio para as almas é o inferno sob este céu azul, nesse sol que ofusca os cabelos de quem não brilha aloirado.
desde que não tenho mais ignorado as vozes de dentro, temo não conseguir - nunca mais - me interessar pelo que
é de fora. fora é a consciência da desnecessariedade.
aqui fora, sob este céu tão puro, com as árvores e as britinhas brancas sob a janela, a gente merece ser feliz.
eu, com estas palavras delirantes que tomam minha vida, sou desnecessária
(neste inferno de sorrisos bonitos)
eu me abracei de tal forma à consciência dessa solidão, à fome, à miséria, à exaustão física, à insônia, me agarrei aos piores aspectos que me fizeram mulher forte, abracei pra machucar, até que me restassem apenas
estas linhas e o céu azul refletido no esmalte de minhas unhas.
assim eu estava, prensada contra a grama pelo peso do céu, vagando sem o coração para pesar
(para saber por trás do que é bonito, entreguei-o à personificação da humaneidade: um sociopata de frios olhos negros;
“agora que você sabe o que há por trás, vá” - foi o que ele me disse)
quis me livrar de todo o peso para chegar ao céu através da grama.
quis chegar ao significado das palavras mágicas, à pureza da chuva no barro, à leveza de um gato arisco.
escolhi para sempre o destino dos malditos que querem ser o que quer que sejam.
só não contava com você.
com v. aparecendo do nada, um estranho ostentando o símbolo que adotei para minha incompreendida solidão de alma. quando comprei aquele pôster de letras vermelho-sangue numa liquidação, todos acharam
tão bonitinho engraçado “veja só ela”;
tão fortemente me agarrei ao que esse quadro simbolizava que fugi de casa agarrada nele enquanto ninguém
me via.
então você apareceu, carregando à sua frente o símbolo secreto do meu exílio deste mundo.
e o que v. dizia era Pantera.
Pantera, meu único consolo após longos dias de trabalho que emendavam noites bêbadas.
todas as noites ouvia Pantera, bêbada quase ao ponto de entender as palavras que eram cantadas; bebi até conseguir digeri-las.
depois disso, passei a temer o que você pudesse significar, temi que pudesse significar O que me faria esquecer destas linhas que não quero esquecer e que me mantêm viva.
por temer que v. pudesse
abracei o improvável e o cruel,
para provar a mim mesma que não há nada além desta solidão, para entender que não é dos outros que virá a sugestão de alguém para significar.
joguei-me nisso com tudo que sou
para provar que há ninguém por trás de quem quer fugir da solidão, para crer de uma vez por todas que meu coração jaz estilhaçado sob a indiferença humana.
para tentar esquecer que v. poderia significar.
voltei aqui julgando-me salva, indiferente às apelações humanas, a alma toda nessa música que está tocando.
mas você continuou significando.
v. sabe o significado dos jogos, da música e do sombrio, como se entendesse o que é fugir para o leste.
você já significa, independente da minha vontade; não estou mais sozinha, e surpreendi-me desejando não estar. depois que entendi o que v. significa, senti a força que estas linhas podem ter, e descobri que elas não desaparecerão se você chegar mais perto. e que para alguém mais, estas linhas podem significar.
this is
e v. é o que há nos sonhos,
tudo e nada no abrir de olhos.
terça-feira, 25 de janeiro de 2011
the grudge
de costas para a porta
a janela para o todo
esperando por ninguém
o céu é mais azul quando não se tem para onde ir;
só amam música os que sabem que ninguém virá.
por toda a eternidade, céu azul lá fora
e você foi embora
e os gatos morrendo, um a um
e você nunca veio.
uma eternidade disso pesou sobre o dia;
como será
onde estará
- lá fora -
meu dia azul?
o dia azul reflete pessoas
falando pessoas pensando
pessoas falando pensando
falando pensando sendo
nada
falando pessoas nadando
sobre o porvir
sobre o que falarão quando forem
Algo que sempre pensaram - um dia - em ser
e essas linhas
essas cinzas
de silêncio
- palavras que ninguém lerá -
essas linhas
e essa música
- a dor que ninguém ouvirá -
então por que existem, essas coisas?
podendo escolher, trocaria todas essas linhas e cinzas por
Alguém que fosse capaz de alcançar - além da porta - aqui.
a janela para o todo
esperando por ninguém
o céu é mais azul quando não se tem para onde ir;
só amam música os que sabem que ninguém virá.
por toda a eternidade, céu azul lá fora
e você foi embora
e os gatos morrendo, um a um
e você nunca veio.
uma eternidade disso pesou sobre o dia;
como será
onde estará
- lá fora -
meu dia azul?
o dia azul reflete pessoas
falando pessoas pensando
pessoas falando pensando
falando pensando sendo
nada
falando pessoas nadando
sobre o porvir
sobre o que falarão quando forem
Algo que sempre pensaram - um dia - em ser
e essas linhas
essas cinzas
de silêncio
- palavras que ninguém lerá -
essas linhas
e essa música
- a dor que ninguém ouvirá -
então por que existem, essas coisas?
podendo escolher, trocaria todas essas linhas e cinzas por
Alguém que fosse capaz de alcançar - além da porta - aqui.
segunda-feira, 24 de janeiro de 2011
the hollow
não tenho mais gatos.
não tenho para onde voltar.
não tenho comida em casa, nem dinheiro.
não tenho nome.
strange things have happened, i know; mas sei também que ninguém está vindo e que esperar ao lado da porta nada muda;
dali ninguém virá.
i'm all alone, dear loneliness.
não tenho para onde voltar.
não tenho comida em casa, nem dinheiro.
não tenho nome.
strange things have happened, i know; mas sei também que ninguém está vindo e que esperar ao lado da porta nada muda;
dali ninguém virá.
i'm all alone, dear loneliness.
terça-feira, 11 de janeiro de 2011
the great cold distance
naquele lugar há vazio.
no invés de todas outras coisas que lá existiam, uma fria e imensa linha dista-me de todos sem levar a lugaralgum.
no escuro, esqueci o caminho de volta; a indiferença enregelou tudo que fui.
vim para encontrar o lugar onde as pessoas geladas se tocam.
estou aqui desde sempre; ao longe avisto ninguém.
ninguém alcança o vazio.
no invés de todas outras coisas que lá existiam, uma fria e imensa linha dista-me de todos sem levar a lugaralgum.
no escuro, esqueci o caminho de volta; a indiferença enregelou tudo que fui.
vim para encontrar o lugar onde as pessoas geladas se tocam.
estou aqui desde sempre; ao longe avisto ninguém.
ninguém alcança o vazio.